Algumas matérias nos emocionam, essa com certeza foi uma dessas!
Um maestro, que é também professor de música, usa o seu talento para melhorar um pouco o tratamento dos pacientes. Ele acalma e trás um pouco de alegria para aqueles que estão internados no Pronto Socorro Regional (PSR) e hospitais da região como o São João de Deus, Santa Lúcia e Bento Menni. Todo o trabalho é voluntário.
Maestro Antônio Carlos toca a três anos em hospitais da cidade levando um pouco da música para aqueles que sentem dor. A idéia surgiu na Igreja do Santuário, pois ele tocava todas as segundas-feiras Santíssima e seus amigos gostavam muito e o convidaram para tocar nos hospitais. “Comecei tocando no São João de Deus, ai vim pro Pronto Socorro e vários hospitais como Bento Menni, Santa Lúcia, na sede da SEMUSA (secretaria municipal de saúde) todo dia vou num hospital” acrescentou. Antes de iniciar o trabalho nos hospital ele tocava para os idosos na Vila Vicentina e nas favelas e creches da cidade.
Para Antônio um dom divino como este deve ser colocado em prática, já que, segundo ele, a música cura a alma enquanto o hospital cura o corpo. “Os doentes às vezes estão tristes e abatidos, quando eu chego tocando eles ficam na maior alegria. Eles chegam a esquecer as dores” contou o maestro. As crianças do Pronto Socorro olhavam curiosas enquanto Antônio passava, logo depois seus olhinhos brilharam de emoção e elas ficaram quietas, como se anjos tivessem passado pelo local.
Ele afirma que esse trabalho é muito agradável de ser feito, “eu gosto demais”. Carlos ainda frisou que é muito importante que toda pessoa que puder trabalhe como voluntária, porque quem tem esse dom recebe o pagamento do alto. “Já recebi muitas graças desse trabalho que eu faço, então eu acho que cada um deveria dar um pouco de si e ser um voluntário. Meu trabalho é a música, então meu trabalho voluntário é a música, cada um pode dar um pouco que souber” declarou.
O maestro vai todos os dias na parte da manhã em algum hospital e na parte da tarde e da noite trabalha dando aulas de música como autônomo. Ele não se arrepende de dedicar todas as manhãs ao pacientes. “Todos eles me recebem bem, me adoram, não tem um que reclama. Aliás, eles reclamam quando eu vou embora, mas eu não posso demorar porque tem outros pacientes me esperando. Até os funcionários apóiam o meu trabalho” contou emocionado Antônio.
Ele ainda lembrou da emoção que cada paciente sente quando o vê: “Alguns choram de emoção, mas ai eu fico falando: num pode chorar. Outros ficam tão alegres que até levantam da cama e dançam, mesmo quando estão com soro. As vezes vão até no corredor para dançar” brincou.
O maestro toca músicas sertanejas, populares, clássicas, românticas, evangélicas e católicas no violão e na gaita de uma só vez. “Mas isso é pouco, porque eu consigo tocar 6 de uma só vez (violão, gaita, pandeiro, chocalho, bumbo e prato)” disse. As pessoas pedem músicas ao maestro, e ele sempre toca.
De toda sua trajetória musical, Antônio Carlos destacou uma história em especial: “Tem uma história no Hospital São João de Deus, que eu estava tocando no corredor e uma senhora estava tomando sangue e soro, e ela me chamou pra tocar pra ela. Ai a filha dela falou: minha mãe disse que quer que você toque pra ela a música Índia. Ai eu toquei a música e ela chorou a música inteirinha e cantou comigo, depois ela pegou na minha mão, agradeceu e falou que meu trabalho era muito bonito. E morreu assim, olhando pra mim, segurando a minha mão. Foi um choque muito grande, mas depois eu me conformei, porque ela queria ouvir a música e ouviu a música e morreu satisfeita”.
Trabalho voluntário
Antônio acredita que cada pessoa que tem vontade de ser voluntário deve procurar essas entidades porque elas precisam muito de ajuda. “Hoje eu to aqui ajudando, mas amanhã pode ser que eles vão me ajudar. Acho que todo mundo devia pensar assim, não pensar no dinheiro porque a gente não leva nada daqui. O que a gente faz aqui a gente leva pra cima, se fizer o bem leva o bem, se fizer o mal leva o mal” afirmou religiosamente.
O diretor do PSR, Gustavo Cordeiro, afirmou que os pacientes se distraem com a música e lembram da infância, e que isso trás um benefício muito grande para o tratamento. “A música acalma a pessoa e assim fica mais fácil lidar com ela. É comum você ver as pessoas saindo do quarto e indo para o corredor para ver ele tocar. Mesmo quando ele vai no hospital as famílias esperam ele chegar pra tocar, as pessoas gostam mesmo” observou. Antônio ainda auxilia no trabalho religioso do Pronto Socorro já que ele toca nas missas de sexta-feira.