Santuário ameaçado

Laudos apontam inclinação da torre

Apesar da necessidade de reforma urgente, paróquia não possui dinheiro

Jessica Riegg

O Santuário de Santo Antônio está ameaçado. Isso porque houve uma inclinação no telhado da torre de aproximadamente 15 centímetros. No período chuvoso, a água passa entre as frestas, causando infiltrações por toda parte. As pinturas de autoria do frei holandês Humberto Rambeag estão ameaçadas e a tinta escorre em alguns pontos. No altar há uma parte oca que precisa de reforma urgente.

Foram feitos três laudos técnicos para detectar os reais problemas. O engenheiro José Geraldo da Silva observou que um dos maiores problemas está no telhado. As tesouras afastaram em 15 cm a torre do corpo do Santuário e por esse motivo passa água nas fissuras. Além disso, 35% a 40% das telhas francesas precisam ser trocadas, assim como toda a estrutura de madeira, que está imprópria.

- A última reforma ocorreu há 13 anos, depois disso, não se observou o telhado. Agora, a situação é mais complicada e tudo precisa ser feito o mais rápido possível - destacou Frei Francisco Duarte.

O segundo laudo foi feito pelo arquiteto Lauro Mourão Guimarães, que detectou uma movimentação da torre, podendo ter sido causada por movimentação no solo, ou seja, na fundação. Notou-se também grande infiltração vinda da cozinha, do banheiro e da caixa d’água do Salão Paroquial anexo que incide diretamente nas pinturas.

O arquiteto sugere a demolição das áreas e a colocação de lonas plásticas no telhado, evitando o fim das pinturas históricas da cidade.

O terceiro laudo foi realizado pelo restaurador responsável pela última reforma do local, Gedley Belchior. Ele identificou manchas claras que indicam infiltração. No local onde a água da chuva entra é possível ver a olho nu as manchas escorrerem das pinturas.

- Seria preciso também vedar as janelas - acrescentou o frei.

Auxílio financeiro

O orçamento para troca do telhado ficou em R$ 78.231,00, ultrapassando o faturamento da paróquia com o dízimo. Frei Francisco solicita ajuda a empresários para restaurar toda a igreja até o centenário e garantir a preservação dessa história.

- A reforma é essencial, não podemos perder essas pinturas que fazem parte do patrimônio local. Precisamos da ajuda de quem puder contribuir - pediu o pároco.

Importância histórica

Os franciscanos vieram para Divinópolis há 87 anos e ajudaram a construir o Santuário, concluído em 1944. De acordo com a historiadora Cecília Guimarães, até hoje os trabalhos desses religiosos são fundamentais para a cidade, pois ajudaram a formar as características socioculturais e religiosas do povo.

- Toda a vida artística começou com os franciscanos no Santuário e por isso a paróquia é tão adorada - afirmou a historiadora.

O mural de pinturas da igreja, considerado o maior do país, é Patrimônio Histórico de Divinópolis e foi pintado pelo frei holandês Humberto Rambeag, que passou uma temporada no Brasil apenas para realizar a obra. Segundo Cecília, Frei Humberto foi responsável por várias pinturas na Itália e nos Estados Unidos e é reconhecido mundialmente.

- Toda essa beleza não pode acabar, precisamos de ajuda para manter essa história do município - destacou.

Fiel à paróquia há 18 anos, o jardineiro Expedito de Sousa não quer que toda essa beleza acabe. Ele se dispôs a ajudar e afirmou que com a casa de Deus é preciso ter mais zelo. Assim como outros fiéis, confessou-se triste com a deterioração.

- Precisamos cuidar dessa casa - enfatizou.