quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Análise Geral: A ira contra a imprensa e a possibilidade de segundo turno

*Por Bruno Kazuhiro (editado)
O Presidente Lula tem demonstrado recentemente um agravamento de sua ira com relação à imprensa brasileira. Ele sempre a repudiou, mas agora chega-se a níveis impensáveis, com o chefe do Estado brasileiro atacando de forma verbal, literalmente, a grande mídia nacional.
Deixando de lado a falta de compostura e o desrespeito à litugia do cargo que são mais do que suficientes para basear uma crítica ao comportamento de Lula, devemos observar, com preocupação, a nítida vontade do governo de reduzir a liberdade de expressão.
O próprio José Dirceu, eminência parda constante do governo desde que saiu da Casa Civil por conta de escândalos, afirma com todas as letras que acha que a imprensa anda livre demais, como se existisse tal coisa.
No fim das contas a realidade é que nesse momento o PT deixa aflorar um lado obscuro de seu direcionamento ideológico: o autoritarismo, que tenta cercear a liberdade de expressão, de opinião e de informação para poder mais facilmente dirimir as críticas e deter o poder sobre a opinião pública.
Tudo isso nada mais é do que uma cruzada contra qualquer tipo de oposição e, nesse sentido, a vontade de Lula de extirpar o Democratas, partido legalmente constituído, da vida política nacional se soma à configuração do viés autoritário que busca claramente acabar com o pensamento diverso.
Há o claro intuito de que não haja mais oposição. Identificando a imprensa como último pilar da sociedade civil com força para se rebelar contra arroubos totalitários e de perpetuação no poder, o Presidente resolveu debelar ações contra ela que envolvem, até mesmo, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais, comprovando o quanto estes estão cooptados há tempos.
A imprensa torna-se o último bastião por formar opinião, podendo difundir ideias contrárias à do regime. A política já foi controlada, sufocando os oposicionistas com ideal e subornando os oposicionistas sem ideal através do fisiologismo. O nível da política, que durante o governo Lula se tornou cada vez mais cara para os que pensam em adentrá-la e renová-la, baixou e não se trata de coincidência.
O curioso é que os mais ricos, a tal elite burguesa dos tempos passados, continua lucrando e com riso fácil. Quem sabe a ideia seja deixá-los lucrando para que não incomodem a formação de uma nova opinião pública. Quando esta estiver formada, quem sabe, a bateria se virará para estes abastados e as desapropriações e taxações começarão. Será tarde demais para os que ficaram cegos com a ganância.
Até bem pouco tempo atrás imaginei que o PT tinha amadurecido e descoberto que o muro de Berlim ruiu, existindo apenas uma ala radical e atrasada.
O comportamento de Lula me mostra que não. O que há é dissimulação por parte de alguns do verdadeiro projeto partidário que já dá mostras de seu conteúdo com as afirmações iradas de Lula contra a mídia feitas no palanque.
E isso não quer dizer que a imprensa nacional é ótima. Deveria sim ser mais democrática e a esquerda, já que se sente excluída, deveria lançar seus meios de comunicação. Contudo, termos uma imprensa apenas com notícias positivas sobre o governo não ajuda em nada. A fiscalização inexistiria. Se temos apenas um ponto de vista, que tenhamos todos e não o ponto de vista oposto.
Ocorre que, no meio de tudo isso, o escândalo envolvendo Erenice Guerra, braço direito de Dilma Rousseff, explodiu. Os governistas dizem que a divulgação destes fatos é a cara do golpismo, mas essa afirmação não resiste a uma pergunta simples a respeito do que a imprensa estaria mostrando caso Erenice não tivesse de fato patrocinado os acontecimentos.
Com a explosão do escândalo que envolve o bolso dos brasileiros a compreensão dos episódios ficou mais fácil para o brasileiro médio e Dilma caiu nas pesquisas.
E hoje, ao contrário de ontem, digo que é um segundo turno mais do que merecido e devido, pois o Brasil precisa saber o que o PT planeja.
Sou democrático e não concordo com autoritarismos. Mereço, como cidadão, saber se a candidata que lidera as pesquisas deseja um País autoritário para nós.
Os dias de campanha do segundo turno ajudarão a esclarecer isso. Se não for o caso e estivermos todos enganados sobre o viés totalitário do PT, que Dilma vença.
Mas se o segundo turno esclarecer que Lula, Dilma e Dirceu querem a cabeça dos opositores votarei com gosto em quer que esteja disputando com a petista.
Apenas defendo minha liberdade que, pelo menos para mim, vale muito.
Quero dizer o que eu quiser dizer. Creio que é assim com todos.
E acredito que os que defendem essas censuras públicas apenas o fazem pois o que eles querem dizer continuará podendo ser dito, enquanto nós seremos calados.

*Bruno mantém um blog sobre política no qual admiro muito. Vale a pena conferir: www.perspectivapolitica.com.br

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