Nesta semana presidiários dos estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Espírito Santo e Amapá, Distrito Federal e Minas Gerais puderam fazer a prova do Enem.
12 mil presos em 330 unidades prisionais fizeram a prova que teve suas questões modificadas, mas que manteve o nível de dificuldade. Antigamente os presos já podiam fazer o Enem, mas tinham que ser deslocados para os locais de prova definidos pelo MEC. Além de poderem prestar vestibular, os detentos podem fazer faculdade desde que a justiça assim o permita.
Enfim, até os detentos notaram que a educação pode modificar um país e a realidade deles. Eles desejam um futuro melhor assim que cumprirem a sua pena. Desejam voltar a ter uma completa cidadania, com direito a saúde, lazer, alimentação, educação e liberdade.
Esses presos mostram que com a persistência, podem alcançar o que almejam, mudar a sua história.
Atualmente o governo incentiva o poder privado a aceitar esses ex-detentos, dando uma segunda chance para essas pessoas que já cumpriram a sua pena. O que é muito justo, pensando no fato de que se a justiça acredita que aquele tempo é necessário, e já foi cumprido, o indivíduo já fez a sua parte.
O governo pede, mas não faz quase nada para que isso aconteça. Afinal, permitir que o detento possa sair da prisão, não garante que ele terá oportunidades suficientes de terminá-la. O que deveria ser feito, e há muito tempo já é necessária, é uma reforma presidiária. É necessário que o país modifique o modo com que trata esses presos, aumente a quantidade de presídios para que eles tenham uma vida ao menos digna nesses locais e aumente o policiamento.
Mas esses três aspectos implicam em muitas outras coisas. A primeira de todas é que este ano é ano de eleição e por isso o presidente não pode começar nenhum projeto novo. Outro aspecto relevante é que seriam necessários ser gastos bilhões com novos presídios, coisa que o governo não deseja atualmente. Aumentar o policiamento implica em aumentar o gasto com esse setor. Primeiro pelo número, e segundo porque seria necessário treiná-los e principalmente seria necessário aumentar os salários desses vigilantes.
O pagamento destinado a esses policiais é muito baixo, o que os desanima a exercer função tão perigosa. Além disso, o número de policiais corruptos é tão alto porque é mais fácil ganhar dinheiro sendo desonesto e fechando os olhos para as irregularidades do que arriscando suas vidas com bandidos perigosos.
Obrigar os presidiários a exercerem uma profissão dentro dos presídios ao invés de pensar em fugas ajudaria-os a crescer, e ainda renderia um bom dinheiro para esses locais. Manteria-os ocupados! Produzir roupas, ou artigos em madeira são soluções já adotadas em outros países que resolveriam alguns desses problemas.
Mas essa reforma teria que ser feita em conjunto, e já, para evitar que episódios como Carandirú se repitam diariamente na nossa frente, e nos obriguem a colocar grades em nossas janelas...
Matéria publicada no blog Perspectiva Política em 10-01-10
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