terça-feira, 14 de setembro de 2010

Projeto de escola estadual ensina a plantar, colher e vender

O projeto “Quem planta colhe” foi desenvolvido pelos alunos da Escola Estadual Miguel Couto e dá várias lições de cidadania aos participantes. Além de plantarem e colherem as verduras, os alunos vendem no quarteirão próximo à escola e com o dinheiro compram sorvete ou se divertem em casas de festa. Os alunos têm lições de cidadania também e aprendem a matemática e o português brincando.
Este projeto é desenvolvido dentro de um outro, chamado “Escola de Tempo Integral” que trabalha a auto estima dos alunos, valores e busca subsídios para uma abordagem interdisciplinar, com conteúdos abrangentes atingindo propósitos didáticos e sociais. Vinícius, de 8 anos, define bem o projeto: “Os alunos do Tempo Integral antenados com o mundo e plugados na vida”.
Dentro do “Quem planta colhe” os alunos do Miguel Couto plantam diversos tipos de verduras, tiram as ervas daninhas, colhem os produtos e saem na vizinhança vendendo para comunidade. Eles oferecem as verduras, vendem, pegam o dinheiro e dão o troco, prestando contas para a sala posteriormente.
De acordo com a professora, Odaísa Alves Gomes Bueno, esse projeto é muito importante para os alunos porque é um ensino diferenciado, já que eles aprendem com a oficina. “Eles aprendem com prazer e desenvolvem a criatividade, a responsabilidade e a formação social” explicou Odaísa.
Bueno frisou que os estudantes que tinham uma defasagem de aprendizagem passaram a evoluir rápido e aprender com a prática. Eles vão a horta e calculam o tempo que as verduras demoram para crescer, calculam os trocos, produzem textos sobre o crescimento dos alimentos e desenham todo o processo, por esse motivo várias qualidades são desenvolvidas dentro da matemática, do português, da geografia, das artes, entre outros.
Quando saem a procura de clientes a professora ainda trabalha com eles a oficina do trânsito, para que eles aprendam a andar nas ruas. “Eles vivenciam também a oficina de formação social e pessoal, que é esse relacionamento com as pessoas” contou Odaísa.
A professora acredita que o projeto também ajuda a desenvolver uma profissão, como a aluna Sara que tem habilidade para ser uma comerciante. “Eu falo que ela vai ser uma empresária porque ela é o marketing do nosso projeto e gosta de vender” disse.
A comunidade aprova o projeto e indica-o para todas as outras escolas. A dona de casa, Lúcia Silva, disse que além de tirar as crianças da rua e promover o crescimento delas, o projeto proporciona verduras muito boas e saudáveis para a população do bairro a um preço baixo.
Maria do Rosário Castanheira é cliente da horta e todos os dias compra as verduras. “Eles estão também aprendendo a respeitar a terra porque estão vendo os alimentos saindo dali e enriquecendo a própria merenda” acrescentou Maria que observa as crianças saindo pelas ruas e a população correndo atrás para comprar as alfaces, cebolinhas e salsinhas.
Os alunos que são os mais interessados no projeto ficam mais empolgados a cada dia. Débora de 9 anos acredita que o projeto é “muito legal” porque a professora os ensina a fazer uma horta. Já Letícia, também de 9 anos, acha que o bom mesmo é que todos aprendem brincando e passam a não ter mais medo de escrever no quadro.
Sara, de 11 anos, é a marketing do projeto e produziu as músicas cantadas pelas crianças quando elas saem para vender. “Todo mundo compra da gente, mas o povo gosta mais é da nossa alface porque a gente sai no quarteirão e nem dá, temos que retornar pra escola pra pegar mais alface, se não o povo fica sem e fica cobrando da gente” explicou a garota.
O projeto conta ainda com os dois tesoureiros que prestam contas à sala a cada dia. Felipe Enes e Laura de 10 anos recebem o dinheiro e passam para a Dona Márcia que guarda “os tesouros” das crianças.
Vinícius afirmou que todo esse projeto só é possível porque a professora é paciente e gosta de ensinar. “Ninguém pode chamar ninguém de apelido, nem chamar de burro porque ninguém é burro, se você não sabe uma coisa, um dia vai aprender” ensinou o garoto que aprendeu a lição.
A psicóloga Renata e a nutricionista Hélida prestam trabalho voluntário na escola e ajudam no trabalho das crianças além dos parceiros que doam os materiais necessários para a horta. São parceiros: Valamiel, Prata Forte, Flor de canela, RN Turismo, Aparecida Valadão, entre outros.

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