quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Germinal Chileno

Reproduzo abaixo excelente texto de Felipe Liberal, publicado no blog Perspectiva Política.

Germinal, na Revolução Francesa, correspondia ao início da primavera européia. O nosso início de primavera, aqui na América do Sul, o nosso germinal, começa igual a uma das melhores obras que o ser humano já escreveu: Germinal, de Émile Zola. Nosso germinal começa trágico e previsível.
Zola, na obra, conta a história das péssimas condições de trabalho dos mineiros franceses em meio à greve provocada por eles, em pleno século XIX. O livro tem um tom escurecido, mas acaba com uma olhar ensolarado sobre o futuro. Mas que futuro? O futuro, ao longo dos últimos 150 anos, foi um luxo de poucos países.
Os 33 mineiros presos embaixo da terra são o resultado do futuro que não chegou, do passado mais vivo mundo. O descuido que as grandes empresas têm nos países mais pobres não acontece nos países ricos. Mazelas produzidas pelas mesmas empresas em países sul-americanos e africanos não acontecem na Europa e Estados Unidos. Os “acidentes” são para nós, selvagens.
Não acredito no futuro, não acredito em mudanças no cenário global, sem uma enorme radicalização do presente. O presente tem que ser destruído, para construirmos um futuro novo e zerado. Em 2011 ou 2012, Hollywood provavelmente produzirá um milionário longa-metragem contando a história desses pobres operários enterrados, e nos contando o quanto a América (do norte) fez para salvá-los daquele enorme túmulo escuro e úmido. Vai ser sempre assim.
Entretanto, desejo toda sorte do mundo para aquelas pessoas e muita força para as famílias que estão na superfície. E desejo, mesmo que em vão, um germinal, um renascer para todos operários, camponeses ou qualquer outro cidadão do mundo soterrado por esse sistema desgraçado que é o capitalismo.
Que esse inverno, tenha sido o último.

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