Crédito: Natália Santos |
Uma tradicional vegetação aquática, chamada de aguapés, proliferou muito nos últimos dias no Rio Itapecerica. Essa planta, em grandes quantidades, faz com que sejam acumulados lixo e areia, além de aumentar a concentração de gases no leito. Todos esses fatores ajudam na contaminação da água e na mortandade dos peixes.
De acordo com o ambientalista integrante do SOS Itapecerica, Jairo Gomes, os aguapés são uma vegetação aquática que prolifera somente em ambiente poluído. Isso porque a poluição confere um estado ao rio repleto de nutrientes, que permite o seu aparecimento, mais comum nos meses de maio, junho e julho.
É exatamente nesse período que o nível de água dos rios abaixa e há uma maior acumulação de esgoto. “O rio fica lento devido a várias barreiras e principalmente por causa do assoreamento. Dessa forma o lixo e animais mortos se acumulam nessas barreiras e aumentam o oxigênio da água, fazendo com que haja mais nutrientes na água” explicou Jairo. A mortandade dos peixes também pode ser destacada como uma conseqüência das plantas se estiver em altas quantidades.
Todos esses fatores fazem com que os aguapés formem um tapete verde e impeçam a incidência da luz solar no espelho d’água. “Isso favorece ainda mais a composição de matéria orgânica” acrescentou o ambientalista.
As raízes da planta também são um problema para a “saúde” do rio, já que elas retêm sólidos (lixo e areia) impedindo a passagem da água. “A sua raiz ainda apodrece e favorece o aumento do oxigênio” frisou Gomes.
Para Jairo, a raiz pode também associar-se ao cipó d’água diminuindo o leito do rio e transformando-o em lama. O ambientalista citou o exemplo de uma área próxima ao campo de futebol do Guarani em que parte do rio virou mata ciliar, tamanho acúmulo de materiais.
Elas também viram abrigo de aves que botam os seus ovos nas plantas. O problema é quando vem a enchente ou limpa-se o rio e esses animais são mortos.
As aguapés não são somente prejudiciais, apenas quando estão em grandes quantidades. Um benefício dela é a função de filtro da água. “O problema é quando são muitas e elas tampam o espelho d’água” afirmou Jairo.
Ele contou que há 10 anos pede para a Prefeitura implementar um grupo de 5 pessoas que fique por conta de monitorar o rio. Isso porque a proliferação dessa espécime acontece de forma muito rápida (ela dobra de quantidade em um ou dois meses). “Em setembro de 2007 tivemos a maior mortandade de peixes por causa das aguapés, então isso pode acontecer de novo se a Prefeitura não limpar o rio” lembrou o ambientalista.
Em maio o SOS Itapecerica solicitou que as árvores arrastadas pela enchente fossem retiradas do rio, assim como os aguapés, mas isso ainda não aconteceu. “Acontece que eles transferem o problema, então só quando as chuvas começarem e a água vier é que o rio será limpado” indignou-se.
O secretário municipal do meio ambiente, Pedro Coelho, afirmou que não há nada previsto a curto prazo para limpeza no rio. Ele explicou que nenhuma intervenção no Itapecerica pode ser feita, sem que antes o estudo macro do rio esteja pronto.
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