Há cerca de dois meses vem sendo realizado um trabalho de uma parceira entre a Defensoria Pública e a Faculdade Funed/UEMG. Esse trabalho consiste em dar assistência psicológica aos assistidos pela defensoria.
Segundo a defensora pública, Dr. Nádia Maria Amaral, “esse seria o momento de maior realização profissional da minha vida, porque eu sou uma defensora pública apaixonada pela profissão. Mas, quando eu me deparo com a situação real da população, isso me trás um transtorno muito grande porque quando o pessoal procura a defensoria pública eles chegam psicologicamente muito abalados e eu me vejo muito impotente diante essa situação, porque a área jurídica não completa a necessidade da população. O projeto é pra complementar o que eu, que sou uma profissional do direito, não tenho condições profissionais de fazer.”
Esse projeto foi idealizado e montado pela defensora, e ela reclamou da dificuldade de formatá-lo já que, de acordo com ela, a defensoria não tinha estrutura para que esses trabalhos fossem feitos de forma eficaz. ”Cada vez que eu buscava minha chefia em BH, pra colocar o projeto em andamento, eu tinha muitos obstáculos porque a defensoria não tem o profissional da área de psicologia exclusivo pra essa área, já que para entrar na defensoria é preciso um concurso publico” ela completou. Na capital esse tipo de assistência já é oferecido.
Nádia trabalha a mais de 11 anos no local e percebia essa necessidade há muito tempo. ”Por esse motivo procurei a faculdade e a Dr. Rita de Cássia nos abriu as portas, permitindo a criação do estudo psicológico de assistência ao assistido carente”.
Este é um processo muito grande e demorado, pois envolve toda a família. Atualmente a defensoria só oferece assistência ao assistido, mas eles ainda pretendem aumentar o projeto e assistir a família inteira.
Questionada sobre o motivo de o projeto ainda não estar funcionando como ela gostaria, Nádia respondeu que ”não existe vontade política do governo, essa é a grande problemática da defensoria. Por exemplo, para poder estruturar esse trabalho nós nos reunimos em horário fora do expediente e elaboramos tudo sozinhos”.
As duas estagiárias de psicologia, Maria Tereza Madeira Lima e Carina de Souza Onório, que trabalham na defensoria, contam que já observaram muitos resultados após a implantação do projeto, ”Nós fazemos aqui o trabalho de mediação. Ou seja, as partes envolvidas submetem-se ao mediador, mas ele é neutro, não oferece soluções, ele é um facilitador. Após realizarmos conversas com as duas partes, realizamos o encontro deles e em muitas vezes eles optam pela homologação dos casos, ou seja, desistem de mover a ação”.
Maria e Carina concordam com a defensora, elas acreditam que a necessidade de se manter essa assistência é muito grande, já que trabalham na vara da família, ”e mexer com separação judicial, guarda dos filhos, é muito complicado, pois a família se torna mais frágil ainda. Nós tentamos minimizar o máximo possível desse efeito negativo para os filhos e enfatizamos que, no caso de separação, quem se separa são os pais, e não a família.”
A indicação dos casos é feita pela defensoria, e as estagiárias de psicologia cuidam da parte de auxílio. Elas são orientadas uma vez por semana pela coordenadora dos estágios da faculdade, Rita Francisqueto, e contam que estão muito felizes com o número de resultados positivos. ”No início as pessoas chegam muito confusas, tem apenas uma vaga noção, chegam muito exaltadas. Depois que passam por aqui conseguem tomar conta das próprias decisões”, complementam.
Um comentário:
Gostei da reportagem sou Psicóloga funcionária pública cedida para trabalhar na Defensoria Pública do Estado do Piauí.
Estou trabalhando a 04 meses no núcleo do idoso e dos direitos humanos, e tenho percebido justamente essa necessidade da assistência psicológicas.
Postar um comentário