terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Faltam empregadas domésticas no mercado

Profissionais preferem trabalhar como diaristas a se arriscarem como empregadas fixas; elas acreditam que assim acabam ganhando mais

A realidade de Divinópolis é que faltam empregadas domésticas no mercado. Quem procura não acha, e quem acha não abre mão de ter alguém para limpar e cozinhar o dia inteiro. As profissionais preferem trabalhar como diaristas, pois assim ficam somente 4 horas nas casas e acabam ganhando o mesmo valor, ou até mais.
O supervisor do Sistema Nacional de Emprego (SINE), Rogério de Sousa, confirmou a falta de profissionais no mercado e disse que somente na sexta haviam 13 vagas para essa função, e que elas estavam abertas há muito tempo.
- Nós mandamos geralmente 5 profissionais para cada vaga, mas não estamos conseguindo isso. Eu acho que as mulheres agora estão se aperfeiçoando ou se especializando em outras profissões porque acham que ser empregada doméstica não tem valor nenhum – observou.
Ele ainda lembrou que antigamente as famílias que precisavam de alguém para trabalhar buscavam moças da roça.
- Elas vinham, trabalhavam e moravam na casa dessas famílias. Agora essas meninas preferem vir e trabalhar nas lojas – completou Rogério.

Procura
A empresária, Silvia Aparecida, contou que procurou durante um ano e meio uma empregada doméstica e durante todo esse período não encontrou nenhuma candidata. Ela não chegou a procurar nos órgãos de procura como o Sine, optou por perguntar para conhecidos.
- Todas as pessoas que eu entrevistei queriam somente ser diarista, mesmo que durante 4 dias da semana. Elas alegavam que além de não ter aquele compromisso diário ganhariam mais assim – explicou.
Silvia deu um exemplo: Uma das moças entrevistadas afirmou que uma casa como a de Aparecida seria fácil de arrumar, e que ela não demoraria muito, portanto conseguiria ir a duas casas por dia.
Outro motivo que torna a procura por uma empregada doméstica complicada é a experiência.
-Pra eu colocar alguém dentro da minha casa, às vezes até sozinha com os meus filhos, preciso ter uma indicação de alguém confiável. Além disso, procuro muitas referências sobre a pessoa. Então é essencial que ela já tenha trabalhado em outros locais – acrescentou a empresária.

Mudanças
As mudanças nesse mercado estão acontecendo por diversos fatores. A diarista, Rosália Ferreira Fontes, por exemplo, frisou que ser doméstica é humilhante então ninguém mais quer exercer a profissão.
- Se eu sou contratada para cozinhar em uma casa, por exemplo, logo eles acham que eu tenho que limpar e cuidar das crianças. Mas não é assim, pois fui contratada para aquela função específica. Outra coisa é que doméstica geralmente não tem direito a nada, como Fundo de Garantia (FGTS) e férias, então a gente sente que não é valorizada – alegou a moça.
Rosália confessou ainda que esse é um serviço cansativo que não é valorizado e ela sente que o preconceito é muito forte.
- Eles dizem que acabou, mas não é assim. Qualquer coisa que acontece dentro de casa é culpa nossa – esbravejou Fontes. Ela diz que prefere trabalhar como diarista porque pode ganhar até R$50,00 por dia trabalhando apenas 3 horas.

Motivos
O economista, Henrique Rabelo, alega que a profissão está ficando cada vez mais rara porque ela é considerada menos prestigiosa.
- Isso faz com que as pessoas exijam um salário mais alto para trabalhar nessa área, visto que há um aumento da oferta de empregos em outras áreas mais prestigiadas, como venda ou prestação de serviço – apontou.
A implicação pode ser o aumento da demanda por diaristas, gerando um aumento ainda maior na remuneração dessa atividade. Ele ainda citou o fato de que o desemprego está diminuindo, o que mostra que as pessoas que deixaram de trabalhar nessa área optaram por exercer outra atividade.

Matéria publicada no Jornal Agora

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