DÚVIDAS E MITOS
Muitas pessoas gostam de pedir para que a manicure tire todos os cantinhos das unhas, ou até mesmo, que cutuque para ver se ficou algo para trás. Mas será que essa técnica é prejudicial para a saúde da unha? A podóloga, Michele Almeida, tira essa e outras dúvidas sobre como se deve mexer nas unhas.
Devemos pedir para que a manicure mecha nos cantinhos das unhas?
Não, porque esse tipo de manipulação pode ocasionar uma lesão. Às vezes se estiver apenas vermelhinho já pode ter acontecido uma infecção provocada por bactérias, por exemplo.
A manicure pode tentar resolver meu problema de unha encravada?
De forma alguma, o trabalho da manicure é o de embelezamento, da limpeza. Quando a pessoa já tem um problema como unha encravada, ou já tem a curvatura mais acentuada devido ao modo de pisar, ai exige um tratamento mais sério, com a podóloga, e o tratamento com a fibra. Tem que ser com os materiais especiais, nunca com o palitinho e nem com o pauzinho de laranjeira. Isso porque a manicure pode ocasionar uma lesão perto da matriz da unha, mesmo que não sangre, iniciando um processo inflamatório, se essa pessoa for diabética, então o risco é muito grande, porque pode obrigar a uma amputação. Todo ferimento é uma porta para infecção.
Mexer nos cantinhos pode ocasionar uma unha encravada?
Sim. Infelizmente aqui no Brasil se tem a cultura que uma unha bonita é aquela que tem a cutícula funda, mas isso é na verdade uma unha sem saúde, e uma unha que não tem saúde não pode ser bonita. Tentar tirar essa cutícula funda, ou cortar os cantinhos, pode fazer com que uma unha saudável passe a ser encravada, já que ela perde toda a estrutura unguial, fazendo também que a unha se torne quebradiça, opaca.
O tratamento para unha encravada é demorado?
Ele é em média de 5 a 8 meses. Fazemos a correção com a fibra que tem o poder de tração parecido com o do aparelho bucal do dentista. Trocamos essa fibra todo mês para mudar o formato da unha, e para que ela cresça saudável sem voltar a encravar.
O que mais pode ocasionar a unha encravada?
Pisar errado pode fazer com que a unha se torne encravada. Porque ela é formada lá no fundo, se a pessoa fizer mais pressão de algum lado, pode moldar a unha e ocasionar o encravamento. Há a possibilidade também de que ela seja congênita, ou seja, por causa dos genes a pessoa tem a unha encravada, ela já foi formada assim.
DICA IMPORTANTE: “Acho que é importante que a cliente não peça para a manicure tirar esses cantinhos, porque ela já é bem consciente, sabe o que é o trabalho dela. E ela se especializa nisso, na parte dos esmaltes, de cutilar. Mas acontece que às vezes o cliente não sabe diferenciar o que é trabalho de quem e acha que a manicure só é boa quando cutuca, mexe nos cantinhos ou cutila fundo, e a manicure sabe que ela não deve mexer. Eu acho que as profissionais estão bem conscientes disso, cabe mesmo às clientes não pedirem” alerta Michele.
UM CASO REAL
O tratamento com a podóloga não causa dor e pode evitar grandes problemas, como o enfraquecimento da unha e grande sofrimento com o encravamento. Esse é o exemplo de Naiara Fernandes, terapeuta capilar, que tirou o cantinho com uma manicure e depois de três dias já havia um processo inflamatório. 15 dias depois ela procurou um podólogo que verificou que o problema já estava grande, porque havia gangrena no dedo e alguns trechos da pele já estavam mortos.
O tratamento com a podóloga impediu a progressão da inflamação, mas devido à medicação que ela estava tomando a cicatrização não acontecia. Como o podólogo não tem conhecimento do uso de algumas substâncias ela foi orientada a procurar um médico, que arrancou uma camada do dedo e por sorte não teve que passar uma segunda cirurgia para retirar a outra parte.
O procedimento podológico foi perfeitamente aplicado, porém a substância que ela fazia ingestão prejudicou o tratamento. A manicure não possui esse tipo de conhecimento; sem o pré tratamento com o podólogo ela poderia ter seu dedo amputado. Hoje a circulação do dedo voltou ao normal e Naiara perdeu a unha, que ao crescer novamente, dificilmente voltará a ser como era.
Matéria publicada na revita informativa do Cabelo & Cia de dezembro